MAIMUNA ADAM

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Maimuna Adam nasceu em Maputo em 1984. Vive na Inglaterra.

A manipulação de objetos, e do espaço à volta de mim, tem sido um elemento de curiosidade para mim desde pequena. Lembro-me de me manter ocupada durante horas com caixas vazias de leite, cereais, até a caixa que mantinha os maços de cigarros da minha mãe, um pouco de fita cola, um pouco de tinta acrílica. A última caixa transformei numa ‘carteira’, usando tinta azul e restinhos de decoração da árvore de natal. As outras, juntei e transformei num cavalo pequeno de cartão.

Desde pequena, o meu mundo tem incluído a arte e artistas como elementos do quotidiano familiar. Durante a escola e universidade, a criação visual tornou-se um modo de comunicação importante. Como professora de arte para alunos entre a 7a e a 13a classe, e de desenho para estudantes de artes visuais e design, o desafio já era de passar tudo que aprendi de todos os professores que tive a sorte de conhecer, ao mesmo deixando que cada um procurasse e seguisse o seu próprio caminho. Sempre gostei de ser estudante, especialmente com professores que nos encorajavam ao trabalho independente, respeitando as nossas escolhas pessoais, e sempre nos apoiando como pudessem.

Como é de imaginar pela própria natureza do ‘ensino formal’, o curso de Belas Artes que completei em 2008 me preparou para alguns desafios melhor que para outros. Até hoje, a ‘desaprendizagem’ (e ‘re-aprendizagem’, porque não) de certos conceitos, abordagens e críticas faz parte do meu processo de criação. A auto-crítica e auto-censura são elementos que aparecem durante o meu processo criativo, constantemente. Por um outro lado, aparece o questionamento que faz-me acreditar numa ‘utopia’ em relação à arte – não a ‘grande’ arte dos mestres que nos deixaram o ‘legado’ do passado, mas a arte de desafiar o conceito de ‘como é’ ser artista, hoje, e de te ter a coragem de continuar o trabalho já iniciado de transformar o mundo ao nosso redor.

Tenho intenção de criar mais perguntas que oferecer respostas. De certa forma, vem de um questionamento constante sobre e dentro de várias ‘categorias’ de experiência por que passo – como mulher, como moçambicana, como filha, amiga, esposa, como ‘estrangeira’ – e a relação com o espaço, o deslocamento, a migração, com a história. De certo modo, trabalhos como “A Estante'” refletem esta ‘inquietação’, e o meu desejo de que a obra não tenha um início nem fim bem definido. Um desejo também, que mesmo que a obra inicie da minha mão e pensamento, ela seja adotada e seu significado seja criado e contestado por quem lhe dê um momento de atenção.

Portfolio online maimunaadam.wordpress.com

Maimuna Adam participou em Processos: Artista, Obra, Público

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